A partir deste ano o chope não pesa mais na inflação

IBGE adapta cálculo da inflação a estilo de vida do brasileiro e faz com que previsão do índice seja menor para 2012

15/01/2012 - 11h35
Economia
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A partir deste ano, o chope, o bacalhau, o chuchu e a máquina de costura não pesam mais na inflação. O órgão do governo responsável pelo cálculo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), retirou da conta esses e mais 48 itens. Por outro lado, acrescentou 32, como o salmão, o morango, o chuveiro elétrico e o telefone com internet.

As mudanças no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – divulgado mensalmente pelo IBGE e referência para as metas de inflação estipuladas pelo governo – foram promovidas para adequar o cálculo aos hábitos de consumo dos brasileiros. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009, muita coisa mudou desde 2006, quando o IPCA foi atualizado pela última vez.

A revisão do cálculo passou a vigorar na última quarta-feira (11) para adequar a importância de alguns produtos e serviços na fórmula, mas as alterações já haviam sido anunciadas pelo IBGE no ano passado. Com o anúncio, antes mesmo que o IPCA passasse a ser calculado pela nova fórmula, instituições financeiras reduziram as projeções da inflação para 2012, como o Banco Itaú, que reajustou a previsão de 5,75% para 5,25%, e a consultora Sul América Investimentos, que cortou de 5,3% para 5%.

Entre 2008 e 2009, segundo a POF – que serviu de base para as alterações –, o brasileiro passou a consumir mais salmão, DVDs e celulares com internet, por exemplo. Em função disso, eletroeletrônicos e energia elétrica estão entre os itens que ganharam mais importância no cálculo, assim como os gastos com veículos próprios, que ficaram mais baratos nos últimos anos.

"Há dez anos, ninguém usava internet. Boa parcela da população não viaja de avião, não tinha uma despesa tão elevada com automóveis e celular. A sociedade mudou. Por isso, a revisão", destacou o economista-chefe da Sul América, Newton Rosa. Segundo ele, a diminuição de pesos de alguns itens, como alimentos, foi a principal responsável pela revisão da projeção para 2012.

Por outro lado, perdeu importância, na cesta do consumidor, gastos com transporte público, alimentos e bebidas, recreação e empregados domésticos. Educação também perdeu peso no novo cálculo do IPCA, o que gerou polêmica diante da alta de preços do setor de serviços e da maior entrada de jovens, principalmente, em universidades privadas no país.

O economista-chefe da agência de risco Austin Ratings, Alex Agostini, ressalta que, em relação aos empregados, a perda de importância não significa que o serviço ficou mais barato. Pelo contrário, em função da menor disponibilidade de mão de obra e a consequente alta dos salários, o brasileiro está abrindo mão do serviço. "Está caro sim. Aí, gastamos menos", afirmou Agostini.

Desde a criação do IPCA em 1979, o índice foi atualizado cinco vezes. Há 20 anos, entravam na conta os preços de máquinas de escrever, videocassete, disco, fita cassete e de enceradeiras. Esses itens foram retirados do cálculo do indicador, que, a partir de agora, também vai incorporar as despesas dos brasileiros com chuveiro elétrico, fralda descartável e TV por assinatura com internet.

Com base no novo cálculo de 365 itens, o IBGE deve divulgar, no dia 10 de fevereiro, o IPCA da inflação de janeiro deste ano. A meta do governo para 2012 é que o índice fique abaixo de 5%, menor que o de 2011. No ano passado, o IPCA ficou em 6,5%, o mais alto desde 2004 e acima da meta estabelecida de 4,5%, mas ainda no máximo previsto que é de dois pontos percentuais acima.

 

Edição: Lana Cristina
Agência Brasil

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